segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O apetite ofensivo torna o City pronto para reconquistar a PL

David Silva e Dzeko comemora gol do City (AP Photo/Jon Super)David Silva e Dzeko comemora gol do City (AP Photo/Jon Super)

Quando foi campeão da Premier League, em 2011/12, o Manchester City teve o melhor ataque da competição, com 93 gols. Na temporada seguinte, quando a decepção foi maior do que o vice-campeonato pode indicar, o ataque produziu apenas 66 tentos, o quinto melhor. Números que deixam claro o principal motivo da queda de rendimento e que foram tranquilamente absorvidos por Manuel Pellegrini em seus primeiros dias no Estádio Etihad.
Em sua estreia na Premier League 2013/14, o novo técnico optou por uma escalação bastante ofensiva. Sergio Agüero e Edin Dzeko comandaram o ataque no 4-4-2 utilizado pelo chileno. O meio-campo tinha Jesús Navas e David Silva abertos pelos lados, enquanto Yaya Touré e Fernandinho formavam uma dupla pródiga na saída de jogo. Até nas laterais havia apoio, dadas as subidas constantes de Pablo Zabaleta e Gaël Clichy.
Passes certos do City: volume na intermediária, verticalidade mais à frente e vários cruzamentos (Fonte: Squawka)
Passes certos do City: volume na intermediária, objetividade no terço ofensivo e muitos cruzamentos (Fonte: Squawka)
O resultado? Vitória com sobras em cima do Newcastle, em que o placar de 4 a 0 foi até pequeno pela superioridade do City, graças também às boas defesas do goleiro Tim Krul. Com um a menos desde o final do primeiro tempo, os Magpies demonstraram pouca resistência e, assim como em 2012/13, tiveram uma atuação aquém do elenco que possuem.
Se os gols faltaram no último ano, eles devem ser problema dessa vez. Principalmente porque os Citizens agora tem cara de um time, com jogo coletivo bem mais aflorado do que nos tempos de Roberto Mancini. O “bumba meu boi” que se tornou padrão na temporada passada, com o time sem jogadas para sair em vantagem nos primeiros minutos e apelando para o bombardeio quando o desespero começava a bater, nem de longe foi visto no Etihad nesta estreia.
Pelo contrário, a atuação do City foi consistente tanto pelo placar como pela forma em que foi construídas. A equipe manteve a troca intensa de passes na intermediária, esperando o momento certo de atacar. Quando fazia isso, era de maneira incisiva, aproveitando as brechas deixadas pelos Magpies. Assim nasceram os gols de David Silva, Agüero e Samir Nasri, enquanto Yaya Touré deixou o dele em uma cobrança de falta magistral. Além do mais, Navas e Silva tiveram ótima atuação pelos lados, explorando o jogo aéreo de Dzeko.
Os mapas de calor de Fernandinho e de Yaya Touré na partida
Os mapas de calor de Fernandinho e de Yaya Touré na partida (Fonte: Squawka)
O marfinense, aliás, continua sendo o motor do time, mas em uma função diferente daquela que desempenhava antes. Ao lado de Fernandinho, Touré ficou mais preso, responsável pela saída de jogo e pela proteção da defesa. As subidas à área não foram constantes, mas a eficiência seguiu a mesma. Já o brasileiro teve uma excelente atuação na estreia oficial, construindo inclusive a jogada para o segundo tento, de Agüero.
Tanto quanto o apetite ofensivo, porém, outro recado foi dado: os líderes de desarmes foram justamente Zabaleta e Clichy, um sinal de como os laterais foram sobrecarregados. A fórmula pode ser bastante eficiente contra os médios e os pequenos da Premier League, mas a falta de proteção pode custar caro contra rivais mais poderosos – sobretudo na Champions, onde tem obrigação de avançar. De qualquer forma, a imposição na estreia não deixa dúvidas que o City vem para esta temporada querendo levar tudo o que deixou escapar nos últimos anos.

domingo, 11 de agosto de 2013

Aubameyang faz três na estreia e dá esperança ao Dortmund

Aubameyang foi o destaque do Dortmund na estreia do time na Bundesliga  (AP Photo/Kerstin Joensson)Aubameyang foi o destaque do Dortmund na estreia do time na Bundesliga (AP Photo/Kerstin Joensson)


O Borussia Dortmund estreou com tranquilidade na Bundesliga com uma goleada por 4 a 0 sobre o fraco Augsburg, que escapou do rebaixamento por pouco na temporada passada. Quem fez a torcida do time vive-campeão alemão e europeu comemorar, e comemorar muito, foi um estreante. Pierre-Emerick Aubameyang foi o grande nome do jogo em sua primeira partida na liga alemã. Foram três gols e uma atuação para deixar o clube satisfeito pela contratação.
O gabonês foi o responsável por três gols do time, fazendo uma boa estreia na Bundesliga. Primeiro, ele marcou em um belo cruzamento de Schmelzer. Depois, já no segundo tempo, recebeu passe de Reus e tocou para o fundo da rede. Já na parte final do jogo, recebeu belo passe de Lewandowski, driblou o goleiro e mandou para a rede. Depois, em um pênalti, Lewandowski mandou para a rede.
Aubameyang custou € 13 milhões aos cofres do Dortmund. Um investimento que veio pelo bom desempenho do gabonês na Ligue 1 pelo Saint Etienne. Foram 21 gols em 44 jogos pelo time francês, sendo 19 gols só no Campeonato Francês. Versátil, Aubameyang jogou pela ponta esquerda, mas tem porte para jogar de centroavante – não por acaso, apareceu para marcar dentro da área em dois de seus gols com a tranquilidade de um autêntico camisa 9.
Se Lewandowski não render o esperado e com Mkhitaryan ainda para entrar no time quando voltar da lesão, é até possível pensar no gabonês atuando como centroavante, no lugar justamente do polonês. Ao menos é uma opção a mais para o técnico Jürgen Klopp trabalhar. Talvez, então, o Dortmund não sinta essa falta toda de Lewandowski quando ele deixar a equipe.

sábado, 3 de agosto de 2013

Título europeu sub-19 remete a Sérvia ao passado iugoslavo

Festa da Sérvia após a conquista da Euro sub-19, realizada na LituâniaFesta da Sérvia após a conquista da Euro sub-19, realizada na Lituânia


O título da Sérvia na Eurocopa sub-19 contra a França, conquistado nesta quinta-feira, não é só o primeiro título de uma seleção. É também uma demonstração de força de um país que ainda carrega as cicatrizes das guerras civis na década de 1990.
Fortíssima nos tempos de Iugoslávia, a Sérvia ainda estava carente de uma boa campanha em torneios oficiais de qualquer categoria, lembrando com certo afeto aquele ano de 1987, quando uma geração dourada conquistou o Mundial sub-20 contra a Alemanha, no Chile.
Daquele time saiu a base da própria Iugoslávia que disputaria as Copas de 1990 e 98, sem falar em alguns jogadores importantes da Croácia. Na fase final, os iugoslavos eliminaram o Brasil de Alcindo, César Sampaio, Célio Silva e André Cruz nas quartas, a Alemanha Oriental de Matthias Sammer na semifinal pelo mesmo placar, antes da decisão.
Quando aquela seleção venceu a Alemanha Ocidental nos pênaltis em 1987, a ordem mundial era outra. A situação do povo iugoslavo também. Ao contrário do que se pode pensar, aquele já era um ano tumultuado para a política local, que em 1990 teria um momento de cisão e o estouro da guerra civil entre os povos que costumavam ser vizinhos.
A seleção iugoslava campeã em 1987 contra a Alemanha Ocidental
A seleção iugoslava campeã em 1987 contra a Alemanha Ocidental
Naquele 25 de outubro, os iugoslavos festejaram a aparição de um dos times de base mais famosos do futebol moderno. No tempo normal, o Estádio Nacional de Santiago viu um empate em 1 a 1. Nos pênaltis, a geração de Branko Brnovic, Robert Jarni, Zvonimir Boban, Robert Prosinecki, Igor Stimac e Predrag Mijatovic levou a taça e fortaleceu a estrutura para estar na Copa de 90, fazendo uma campanha honrosa até as quartas de final.
Muita moral, poucos resultados
Foram-se os grandes craques, ficou apenas a sensação de que o futuro seria complicado, esportivamente falando. E nisso a Sérvia está bem atrás da Croácia, da Bósnia, de Montenegro e quase da Eslovênia. Não que os sérvios não sejam bons formadores de talentos, mas os últimos times têm encontrado mais problemas de conjunto do que o esperado. Com a bola rolando, a Sérvia sofre para fazer valer a sua força e tem alguns jogadores subestimados em seu time titular, treinado pelo confuso Sinisa Mihajlovic.
A classificação direta para a Copa de 2010 tornou a Sérvia uma equipe relevante no cenário mundial. Mas as trapalhadas diante de Gana e Austrália tiraram os eslavos ainda na primeira fase. Pelo menos no papel, a equipe titular atual teria sim potencial para brigar pela repescagem na Copa do Mundo de 2014, o que não se concretizou com a instabilidade mostrada nos duelos diretos contra Croácia, Macedônia e Bélgica nas eliminatórias.
Uma safra que soube a hora certa se afirmar
Não se pode afirmar que esta seleção sub-20 sérvia era uma das favoritas. Com a presença de Espanha, Holanda, Portugal e Turquia em posições mais favoráveis, é difícil não apontar como uma surpresa o título conquistado na final contra a França. O gol de Andrija Lukovic
A principal marca desses meninos é o bom trabalho no meio campo e a aplicação tática na defesa. Essa consistência lá atrás garantiu que a equipe treinada por Ljubinko Drulovic esteve bem unida desde o jogo inicial contra a Turquia, quando venceram por 2 a 0 e seguraram uma pressão intensa no fim do segundo tempo. Os destaques no torneio foram o goleiro Predrag Rajkovic (Jagodina), os zagueiros Aleksandr Filipovic (Jagodina) e Nikola Antic (Rad), o meia e capitão Marko Pavlovski (OFK Belgrado), o ala Milos Veljkovic (Tottenham) e os atacantes Nemanja Maksimovic (Estrela Vermelha) e Aleksandr Mitrovic (Partizan), que já faz aparições na seleção principal e é titular no seu clube.
Título que pode não ser o reconhecimento que o time principal precisa, mas serve como motivação para acreditar que os bons tempos ainda estão por vir.